quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A participação da mulher no orçamento familiar


Com o advento da pílula anticoncepcional na década de 60, a mulher passou a controlar melhor a sua fertilidade e socialmente buscou maior independência. O casamento e a maternidade, antes disso a finalidade da vida feminina, passaram aos poucos para um segundo plano. A procura pela auto-afirmação, no trabalho fora de casa, tornou-se prioridade para a maioria das mulheres ocidentais. Mas essa meta, quando atingida, fez aumentar as suas responsabilidades. Além de continuar a educar e a cuidar dos filhos e da administração doméstica, mesmo tendo ajudantes, às vezes até o próprio marido, passou a disputar com o homem, ombro a ombro, vagas no mercado de trabalho. Ganhou mais autonomia... e também mais problemas.



Diferentemente de antigamente, a mulher de hoje tem menos filhos, menstrua mais vezes, e por isso está mais sujeita às alterações hormonais e às doenças daí decorrentes, como as mastopatias, a dismenorréia, a TPM, e a endometriose. O estresse da competitividade e o acúmulo de atividades levam-na com freqüência à depressão, à hipertensão, ao alcoolismo, ao tabagismo, ao enfarto agudo do miocardio, aos acidentes vasculares cerebrais, a alterações alérgicas e digestivas, doenças pouco constatadas nas décadas anteriores aos anos 70.



Se a mulher pode planejar a maternidade para mais tarde, quando a vida está em geral mais estabilizada, também é verdade que apesar dos modernos recursos da assistência ao pré-natal e do maior equilíbrio emocional, ela tem mais riscos de gestações, partos e filhos anormais, devido à idade. Além de que a maturidade traz hábitos adquiridos, mais irrassibilidade, mais intolerância com as infantilidades e menos resistência física às demandas que uma criança exige. Lembremos ainda as degenerações biológicas decorrentes do inicio do processo de envelhecimento que podem se agravar com uma gestação tardia.



A juventude por sua vez, agora liberada pela pílula e pelos novos modelos de comportamento social, ficou mais sujeita aos estímulos eróticos propagados pela TV e pela mídia. Aumentaram as gravidezes indesejadas e as doenças sexualmente transmissíveis nessa faixa etária, muitas vezes comprometendo a saúde e a fertilidade futura da adolescente. Se a mulher madura e preparada engravida menos, a jovem inexperiente e pouco atenta tem mais gestações não programadas com problemas de ordem familiar e social mais freqüentes.



Todas essas questões nos levam a repensar. Será que essa liberdade descompromissada e a priorização da independência feminina estão tornando a família mais feliz e a sociedade mais equilibrada?

Será que a medida dos franceses de incentivar as mulheres a trabalharem meio período, para ficarem mais tempo em casa com seus filhos, será a atitude mais certada?



A independência feminina foi e ainda é uma conquista diária. Mas como mulher, que além de profissional é também, e principalmente, mãe, avó e dona de casa, estou reavaliando as minhas prioridades... sem abdicar da minha independência!



Drª. Maria Eduarda Fagundes

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